Ordem para ataque a tiros durante comício em Bagé foi dada de dentro da prisão, diz PF
07/10/2024
Prefeito eleito na cidade, Luis Fernando Mainardi (PT), falava com eleitores quando houve o ataque. Investigação indica que "todas as ações criminosas teriam como objetivo amedrontar alguns candidatos, bem como seus eleitores, interferindo diretamente no pleito eleitoral", disse a polícia. Ataque a tiros, intimidações e ameaças: como traficantes agem para influenciar eleições
A Polícia Federal (PF) e a Polícia Civil descobriram que a ordem para o ataque a tiros que aconteceu durante um comício em Bagé, na Região da Campanha do Rio Grande do Sul, partiu de dentro da prisão. Veja, abaixo, o vídeo do ataque.
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Conforme as investigações, o mandante foi Tiago Ferreira, que teria dado a ordem usando um celular. Ele cumpre pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas: foi condenado a 321 anos de prisão por crimes como tráfico e homicídio.
A motivação para o ataque seria eleitoral, segundo as polícias: o objetivo era intimidar candidatos que não eram apoiados pelo grupo criminoso do qual Ferreira faz parte. O suspeito de ter atirado foi identificado e encontrado morto (saiba mais abaixo).
As polícias não divulgaram como um celular entrou em uma penitenciária de alta segurança. No entanto, afirmam que o aparelho foi apreendido e que foi identificada troca de mensagens entre o detento e uma candidata a vereadora em Bagé.
O governo do estado afirma ter transferido Ferreira de unidade prisional. Ele foi para uma onde há bloqueio de sinal telefônico. Veja abaixo a íntegra da nota divulgada à imprensa.
O ataque
Polícia Civil investiga disparos durante comício em Bagé
O comício foi em 15 de setembro. O então candidato pelo PT à prefeitura, Luis Fernando Mainardi, que foi eleito no domingo (7), falava com eleitores de cima de um caminhão de som quando houve o ataque a tiros (veja o vídeo acima).
"O caminhão estava estacionado aqui. O caminhão de som e eu. Tinha umas 800 pessoas aqui no comício, muitas crianças e, na hora, quando ouvi os estampidos…", disse o prefeito eleito de Bagé, Luis Fernando Mainardi (PT).
Em pânico, centenas de pessoas que acompanhavam o comício saíram correndo. Entre elas, estava uma mulher grávida que acabou desmaiando.
"Idosos correndo, pessoas adultas, as crianças. Parecia filme de terror, todo mundo correndo e ninguém viu da onde vieram os tiros", disse a mulher, que está grávida de três meses.
Suspeito do ataque identificado
Comício de candidato a prefeito foi alvo de ataque a tiros no interior do RS
Reprodução/TV Globo
As polícias afirmam que o suspeito de ter atirado com a arma de fogo foi identificado. Ele era uma pessoa que foi vista com o rosto coberto por um capuz.
No dia 24 de setembro, ele foi encontrado morto com ferimentos de tiros no rosto em Itaara, na Região Central do RS. A polícia suspeita que a morte teria supostamente ocorrido com o objetivo eliminar a ligação dele com a organização criminosa.
"Salienta-se ainda que todas as ações criminosas teriam como objetivo amedrontar alguns candidatos, bem como seus eleitores, interferindo diretamente no pleito eleitoral", diz a investigação.
Nota do governo
“Após os acontecimentos de 15 de setembro em Bagé, a Polícia Penal realizou, no dia 26 de setembro, uma revista para cumprimento de mandados de busca e apreensão na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), com a participação do Grupo de Ações Especiais da instituição. A ação integra uma série de esforços empreendidos pelas forças de segurança para combater o crime organizado. Além disso, em 27 de setembro, o apenado foi transferido para o Complexo Prisional de Canoas, onde há bloqueador de sinal de celular. Após o episódio, o governador Eduardo Leite se manifestou dizendo que o ataque vai contra os princípios fundamentais da democracia, que se baseia no respeito às diferenças e no debate de ideias.
Desde 2019, o governo do Estado intensifica ações no combate ao crime organizado. Mais de R$ 600 milhões já foram investidos no sistema prisional gaúcho, permitindo a aquisição de equipamentos, armamentos, viaturas e capacitação de servidores. Somente em 2024, foram realizadas mais de 340 revistas gerais em todo Estado, que têm como objetivo identificar e retirar celulares localizados em unidades prisionais como forma de combater a comunicação ilícita do crime organizado. Os procedimentos estão atrelados às diretrizes do programa RS Seguro.
Na mesma linha, o governo efetuou a restrição do espaço aéreo para coibir os arremessos de ilícitos por meio de drones. Em parceria com a Agência Nacional de Aviação Civil, foi definido um sistema, conhecido como 'no fly zone', que proíbe o sobrevoo de drones nas áreas de estabelecimentos prisionais".
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